Após a histórica vantagem nas urnas, odeverdeevitar a acomodação

Após a histórica vantagem nas urnas, o dever de evitar a acomodação

Com 29.719 votos, marcelo Caumo e Gláucia Schumacher tiveram mais de 71% de aprovação nas urnas e foram alçados a mais um mandato. Frente a esse resultado, o prefeito realça o desafio de manter o ímpeto e o desempenho de toda equipe para fazer jus à confiança conquistada junto aos eleitores. A seguir, fala sobre os principais projetos do segundo mandato e objetivos para o ano de 2021

Pensar Lajeado – O resultado das eleições demonstrou a maior diferença na história do pleito da cidade. A margem de quase 20 mil votos para a segunda colocada indica que o modo de governar foi aprovado pela maioria das pessoas. Como evitar a acomodação e cumprir com as metas estipuladas?

Marcelo Caumo – Essa é uma pergunta que nos fizemos todos os dias. Será um eterno desafio. Tanto que logo nos primeiros dias dessa nova gestão, exoneramos todos os CCs (cargos comissionados). Mantivemos a equipe de secretários, mas deixando claro que não há cargo vitalício.

Transparência, austeridade e comprometimento. Essas palavras foram a base do nosso governo passado e continuará sendo. Motivação, entrega e vontade para melhorar a cidade, para atender a população e garantir serviços públicos de qualidade são os nossos principais objetivos.

– Quais são as metas para os primeiros 100 dias de governo?

Caumo – Fazemos questão de dedicar tempo para a montagem das equipes. Acreditamos que tendo as pessoas certas para cada função é imprescindível à execução dos serviços. Para cada uma das secretarias, exigimos que cada responsável tenha duas agendas. Uma para os problemas inerentes, aqueles que surgem e precisam ser resolvidos o mais rápido possível. A outra, diz respeito às metas estipuladas pelo governo.

Damos autonomia para os secretários desenvolverem seus projetos. Para que vejam quais áreas precisam de alguma iniciativa pontual. Por outro lado, estipulamos no mínimo duas metas que partem do prefeito e da vice.

– O que não foi feito em 2020 que fica para este ano?

Caumo – A pandemia interferiu em diversas metas que tínhamos. O programa mais atingido foi o Pacto pela Paz. Não conseguimos dar continuidade no aspecto da formação em inteligência emocional das crianças e adolescentes. Com as escolas fechadas, os alunos em casa, todo o cronograma foi interrompido.

Nosso intuito é voltar com 100% das aulas na rede municipal a partir de fevereiro. Vamos encaminhar essa demanda ao governo do Estado. Temos o entendimento de que há muito prejuízo para as crianças e jovens ficarem longe da escola.

Inclusive temos dados da contaminação. De crianças até 5 anos, foram menos de 50 casos. De cinco a dez, ficou em 55. Até 15 anos, foram 70 confirmações. É um universo muito pequeno, que nos dá um indicativo de que é possível retomar o atendimento integral da rede municipal e privada de Lajeado.

– Lajeado conta com projetos macro, como o já citado Pacto pela Paz e o Pro_Move. Como será o andamento dessas iniciativas para os próximos quatro anos?

Caumo – O Pro_Move tem como particularidade ser uma iniciativa conjunta, em que o poder público participa, mas não é o indutor das iniciativas. O avanço está muito mais ligado à apropriação da sociedade, das pessoas e das instituições privadas e de ensino.

Já o Pacto pela Paz é o contrário. Parte do poder público a realização e continuidade. De minha parte, tenho muita esperança nesse programa. Acredito que é por meio das crianças e jovens que teremos uma sociedade melhor do que foi a da nossa geração.

O que não conseguimos fazer em 2020 esperamos desenvolver neste ano. O pacto prevê formação para professores, um trabalho em rede com um olhar muito atuante sobre os alunos.

 – Quanto aos serviços de zeladoria da cidade. Há críticas frequentes com relação ao cuidado dos espaços públicos, roçadas, capinas e também ao estado das lixeiras. O que será feito nesta área?

Caumo – A questão das lixeiras é uma grande polêmica. As pessoas querem mais lixeiras, mas não querem na frente das suas casas. Sou da opinião que cada um deveria dar um destino ao seu lixo. Ter na frente de casa um espaço para colocar o lixo, tendo um cuidado individual a isso. Não deixar no chão para não ter infestação de bichos.

Sabemos de infestações de ratos, de baratas em algumas lixeiras. Algumas em frente a prédios públicos. Foram colocadas ali por que os moradores não aceitaram deixar uma lixeira na frente de suas casas. Sem dúvida, esse é um debate que precisamos avançar para resolvermos enquanto comunidade.

Com relação ao cuidado com espaços públicos, vamos criar equipes específicas para atender essas demandas com mais agilidade. Com a tendência de verticalização da cidade, das pessoas morando em apartamentos, é fundamental termos espaços públicos conservados, limpos e aptos a receber essas pessoas para seus momentos de lazer, descanso e entretenimento.

– Lajeado teve uma das maiores enchentes da história em 2020. Quais os movimentos em curso para dotar a cidade e a região de mais previsibilidade para evitar prejuízos?

Caumo – Houve uma reformulação do sistema nacional de monitoramento. Todo eletrônico, com alertas periódicos. Confiamos nele e ficou comprovado que houve falhas. A enchente passada foi a maior dos últimos 60 anos.

Com os equívocos, percebemos que depender de um modelo é pouco. Então, iniciamos uma série de ações e hoje fazemos parte também do monitoramento da sala de situação do governo do Estado.

Junto com isso, em nível regional, estamos implementando a medição manual em diversos pontos, vindos lá de Muçum e descendo o Rio Taquari. Com isso, teremos três modelos para que não sejamos surpreendidos como foi na última cheia.

Há em paralelo a isso, estamos instalando os marcos de cheias pela cidade. Esses terão um caráter educativo e de conscientização. No Parque dos Dick, por exemplo, ficará bem visível para a população ver até onde a água pode chegar.

– Com um dos maiores índices de motorização do Estado, Lajeado enfrenta problemas de grandes centros urbanos no sistema viário. A infraestrutura não acompanhou o avanço na frota de veículos. Quais as metas para melhorar a fluidez do trânsito?

Caumo – O primeiro grande avanço que tivemos foi a aprovação do Plano Diretor. Com a criação dos núcleos urbanos, temos uma melhor visão dos pontos em que precisamos intervir, construir vias paralelas e ampliações. Também está em fase final o Plano de Mobilidade, que trará mais detalhes sobre o sistema viário, com a possibilidade de instalarmos ciclovias, criar formas alternativas de transporte.

Os próximos anos serão de problemas, tudo por conta da duplicação da BR-386. Com o desvio de tráfego, teremos aumento no número de veículos na área urbana. Isso vai trazer lentidão em diversos pontos da cidade.

– Saúde, Educação e Segurança são três áreas apontadas como prioritárias pela população. Quais os principais planos para cada uma delas?

Caumo – São setores diferentes, mas que podem ser melhorados a partir da inovação e do uso das tecnologias. Na Educação, por exemplo, temos o projeto de usar o sistema Google for Education. Na Saúde, tivemos uma experiência dessa pandemia, das consultas online. Os resultados foram bem positivos e pensamos em ampliar esse modelo. Na Segurança, a aposta é de fazermos o cercamento eletrônico da cidade.

Junto com esses movimentos amplos, de uso da tecnologia para melhoria dos serviços públicos, acreditamos ser fundamental termos uma equipe preparada. Por isso, manteremos a formação dos nossos servidores para que possam dar conta dessas novidades.

– Desenvolvimento econômico. Lajeado tem uma economia diversificada. Produção de alimentos, de candies, bebidas, móveis, serviços e a construção civil, são forças estabelecidas na cidade. A partir disso, qual o papel do poder público em fortalecer ainda mais esses potenciais e abrir novas oportunidades de negócios?

Caumo – É preciso manter um diálogo contínuo com os setores produtivos do município. Primeiro dando atenção as empresas já instaladas, que contribuem com o desenvolvimento. Atender, na medida do possível, as demandas. Neste sentido, implementar políticas para formação da mão de obra, para garantir trabalhadores qualificados.

Pelo que temos visto, apesar da pandemia, as empresas tiveram um desenvolvimento satisfatório. Então cabe ao poder público facilitar isso, dar condições para que o setor privado gere riquezas, abra postos de trabalho e colabore com a arrecadação pública.

– Com relação a receitas públicas. O ano de 2020 indica queda de arrecadação. De que maneira a pandemia interfere sobre as contas do município?

Caumo – Ainda não tenho os dados consolidados. Mas na análise prévia, teremos aumento de arrecadação. Temos uma previsão de orçamento acima dos R$ 390 milhões. Pelos números do momento, teremos um superávit histórico. Fruto da política de austeridade.

No ano passado, mantivemos os serviços públicos mesmo com a pandemia. Os gastos fixos, esses não há muito o que fazer. Os salários do funcionalismo precisam ser pagos em dia, não temos possibilidade de suspensão de contratos, de redução de carga horária.

Fizemos muitos investimentos na área da saúde, para dar conta do atendimento e da melhoria na infraestrutura. Mesmo assim, conseguimos nos adaptar e manter as contas públicas em ordem.

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