Lajeado é polo do comércio regional, mas também de divergências

Lajeado é polo do comércio regional, mas também de divergências

Mais de 60% do valor Adicionado Fiscal da cidade provêm do comércio e do serviço. A representatividade faz de Lajeado o polo comercial. O potencial consumidor atrai marcas e investidores que navegam na onda do consumo lajeadense. Por outro lado, debates sobre flexibilização de horários de funcionamento e sobre a atuação do comércio clandestino depõem contra uma cidade que precisa ser referência também em soluções e inovações

Mais de 2,5 mil empreendimentos e uma média de 3,5 mil trabalhadores. Os números do DataSebrae no final de 2019 evidenciam a importância do comércio para Lajeado. A cidade centralizada no Vale do Taquari aproveita a localização estratégica para se tornar o maior polo comercial da região.

Mas não só a posição no mapa faz o município se destacar. Lideranças apontam a variedade como um dos principais atrativos do comércio lajeadense. “Praticamente todas as cidades têm supermercados, redes de eletrodomésticos. Mas Lajeado se qualificou e há muito mais opções. Por isso o cliente vem de fora para cá”, percebe o presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Cristian Bergesch.

Secretário de Desenvolvimento Econômico, André Bücker, reforça a opinião ao destacar os inúmeros padrões de lojas encontrados no município. “Tem para o cliente mais sofisticado até os públicos de classes com menor poder aquisitivo”, pontua.

O comércio lajeadense também soube se aliar à prestação de serviços, percebe Bücker. Exemplificando, ressalta que muitas pacientes do Hospital Bruno Born (HBB) ou alunos da Univates acabam comprando aqui.

Lajeado também se destaca por ter prioridade em ramos como o automobilístico. A maioria das revendas do Vale do Taquari estão instaladas na cidade. Lajeado tem ainda o único shopping da região e se prepara para sediar uma das filiais da famosa Havan.

Compras online

Avançar da loja física para o digital é o principal desafio elencado pelas autoridades. Com a pandemia, o e-commerce se intensificou e as compras online passaram a ganhar preferência de parcela do público consumidor.

Em 2020, o governo municipal facilitou a entrada de negócios locais em um marketplace. Também estuda a qualificação por meio de cursos e atividades práticas, informa Bücker. “As lojas não podem ficar para trás nesse quesito. Precisamos trazer consumidores de outras regiões para cá”, aponta.

Para Bücker, o desafio dos empreendimentos será qualificar a comunicação com o público online, ter profissionais específicos ao digital e encontrar soluções logísticas para atender outros locais sem aumentar custos.

Presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Lajeado (Sindicomerciários), Marco Rockenbach ressalta a necessidade de adaptação dos processos ao novo mercado que se desenha na web.

Cita como exemplo as comissões dos produtos vendidos no online, situação que pode prejudicar os vendedores. “Pode se tornar uma concorrência para o profissional se não for aliada de seu trabalho de vendas”, percebe.

Outro ponto apontado por Rockenbach é garantir a credibilidade no online. Na visão dele, muitos consumidores ainda são descrentes ao funcionamento adequado da compra na web e precisam ser convencidos, com boas experiências, que o e-commerce é eficiente.

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Dilema do comércio aos domingos

Trabalhar ou não trabalhar aos domingos é tema que deve retornar ao debate em 2021. Atualmente, o Código de Posturas de Lajeado permite o funcionamento dos estabelecimentos comerciais em seis domingos próximos a datas comemorativas. Incluindo Lajeado, apenas sete cidades gaúchas possuem leis semelhantes.

Em 2020, a restrição foi motivo de embates em dois períodos. O primeiro deles foi em junho com o projeto de Liberdade Econômica apresentado por Mariela Portz e Ildo Salvi (ambos do PSDB) que liberava a abertura comercial de forma irrestrita. A proposta não avançou na câmara.

Em dezembro, novo projeto da Liberdade Econômica, desta vez do então presidente Lorival Silveira (Progressistas), foi aprovado, mas gerou críticas de entidades por não abordar o horário de trabalho.

Na avaliação de Bergesch, modernizar a legislação é uma das necessidades para “Lajeado se manter como polo comercial”.

Bücker também percebe a importância da alteração nos horários de abertura das lojas, entretanto pontua que não há previsões para alteração do Código de Posturas.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Lajeado (CDL), Aquiles Mallmann, a proibição de abertura em feriados e maioria dos domingos tira a liberdade do empreendedor e prejudica os negócios.

“Cabe ao empresário poder ter essa possibilidade de negociar com o seu funcionário se vale a pena abrir ou não”, defende.

Defensor da manutenção da lei, Rockenbach acredita que a permissão de seis domingos ao ano já é suficiente para atender anseios de patrões e funcionários.

“Os mesmos que querem mudar a lei dizem que não pretendem trabalhar todos domingos. Então já temos a permissão nas principais datas”, argumenta. Rockenbach teme a retirada do sindicato das negociações em caso de mudanças na legislação.

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Comércio ambulante

Outro tema que gerou embates em 2020, mas está longe de um consenso, é o trabalho dos vendedores ambulantes nas principais vias comerciais. O governo até sugeComércio ambulante riu a criação de um camelódromo aos ambulantes, ideia que foi refutada por entidades lajeadenses.

Atualmente, o governo trabalha com o enrijecimento das normas no comércio ambulante, ressalta Bücker. Os vendedores de rua precisam estar legalizados e respeitar espaços pré-determinados em pontos próximos da Rua Júlio de Castilhos.

O secretário não descarta apresentação de uma nova proposta para criação de um camelódromo, entretanto pontua que em um primeiro momento as ações do governo devem ser focadas no cumprimento de normas.

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